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sábado, 14 de novembro de 2009

Eleições administrativas a 1 de Novembro



As eleições administrativas (hoje conhecidas por autárquicas) decorreram no primeiro domingo de Novembro que aconteceu logo no dia 1

Tal como se previa os republicanos conquistaram a totalidade dos lugares da Câmara de Lisboa, onde não concorreram listas monárquicas, que para o PRP constituía uma flagrante "violação de escrutínio" já que, “grosso modo”, inviabiliza o sentido secreto do voto.

Como fizeram questão de denunciar no jornal A Lucta, "
A cada descarga nos cadernos eleitorais corresponderá uma delação política", pelo que "ao serem entregues no ministério do reino, esses cadernos constituirão verdadeiras listas de proscritos" - facto que, certamente, demoveria muitos cidadãos de participar.

A presidência da Câmara coube a Anselmo Braamcamp Freire (Na foto) tendo como vereadores alguns dos mais destacados membros do Partido Republicano, como Ferreira Alves, Francisco Grandela, Ventura Terra ou Tomás Cabreira.


As eleições aconteceram por todo o país, também com resultados surpreendentes como em Lagos onde o PRP também conseguiu a totalidade dos mandatos que passou a dirigir.

Porém o foco das atenções eram os acontecimentos em Lisboa.


No dia seguinte Ferreira do Amaral escreve ao rei, dando conta dos resultados eleitorais, ao mesmo tempo que demonstrava não ter percebido o que havia acontecido. Dizia ele ao rei que "creio que a causa monárquica, longe de perder, só teve a ganhar com o resultado das eleições" porque acrescentava depois "os republicanos tiveram menos 4.000 votos que nas eleições para deputados".

Na semana seguinte o rei partiria para o Norte, porém a propaganda republicana não parava de crescer e o governo entrava em acentuado declínio ao mesmo tempo que os partidos monárquicos aguardavam a chegada do Rei para a formação doutro Ministério

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A marcação das eleições administrativas


Umas das muitas questões "fracturante" desta época, foi a da realização das eleições municipais em Lisboa, prometidas por Ferreira do Amaral, na sequência da política de acalmação, que se seguira ao regicídio.

Naturalmente que essa eleições eram reclamadas pelo republicanos, conscientes do seu aumento de popularidade na capital, mas repudiados pelos partidos tradicionais.

Em Agosto de 1908, Ferreira do Amaral, comunica o encerramento das Cortes e anuncia que em Novembro, serão realizadas as referidas eleições municipais, o que veio a acentuar a animosidade de Regeneradores e Progressistas, que mesmo sem esse facto, já o acusavam de passividade face aos avanços republicanos.

A estratégia política de bastidores era assaz complicada. se por um lado os partidos monárquicos não queriam perder o pé nessa acusação de tolerância aos republicanos, também lhes interessava que Ferreira do Amaral não se demitisse e que o equilíbrio de poderes entres ambos, viesse a desfazer-se e a tombar para o campo inimigo, ou, pior ainda, para algum dos rivais das respectivas lideranças.

Foi complicada a querela entre Ferreira do Amaral e Luciano de Castro, já que o chefe do governo, pretendia negociar com os republicanos a sua vitória em Lisboa, tida como certa, mas garantindo 4 lugares para os partidos monárquicos, entre eles a presidência da Câmara.


Na sua perspectiva, a vitória dos republicanos em Lisboa, representava um risco mínimo, dada a fraca autonomia das câmaras municipais que, no caso de Lisboa, é agravada pela sua débil situação financeira.

A administração republicana seria, portanto, um fiasco garantido e, consequentemente, um mal de curta duração.


O Partido Regenerador de Júlio de Vilhena era mais objectivo, concebera um plano, para que mesmo ganhando em Lisboa o Partido Republicano, nunca conseguisse a maioria.

Como a vereação da Câmara era composta por 11 membros, ao partido maioritário nas eleições, davam-se 4 votos, às minorias (leia-se partidos monárquicos) 3 votos que votariam em sessões da Câmara ao lado de 3 vereadores indicados pela Câmara dos Deputados, não sufragados pelo voto e assim retirar-se-ia a maioria da vereação aos republicanos, eventuais vencedores.


D.Manuel não aceitou esta proposta, avisado por certo pelos seus conselheiros, para a celeuma que tal decisão traria, mantendo o seu apoio a Ferreira do Amaral, para que fossem efectuadas as eleições administrativas.


No dia 3 de Outubro, o Diário de Governo, publica um decreto que manda proceder às eleições das câmaras municipais no primeiro domingo de Novembro.

Na imagem>>> Comício republicano na avenida D. Amélia para apresentar ao governo a urgência na realização de eleições municipais em Lisboa, Joshua Benoliel, 1908-07-26, Arquivo Municipal de Lisboa, AFML - A4217